É cada vez maior o acesso da população à informação e o uso de psicofármacos em crianças e adolescentes. Mesmo com toda a confusão feita pela mídia sobre o uso ou não de psicofármacos na infância (principalmente o metilfenidato para TDAH), é indiscutível a eficácia dos psicofármacos na atenuação do sofrimento dos pacientes com transtornos mentais.
O uso de psicofármacos em crianças é relatado por Bradley em 1937 e em estudos mais rigorosos e controlados na década de 60 (Riddle, 1995), com o início de anfetaminas nos transtornos de conduta.
BIRMAHER, Crianças e Adolescentes com transtorno Bipolar, Armed, 2009.
http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=5922
José Raimundo Lippi, 1977 ( http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2009/04/20/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=106983/em_noticia_interna.shtml) cita as etapas historicamente importantes do uso de psicofármacos em crianaças:
Com o surgimento de uma Psiquiatria Securitária predominantemente patrocinada pelos grandes grupos farmacêuticos (Assunção & Kukzinsky, 2008), houve um grande avanço na área e uma supervalorização e u m superdimensionamento dos alcanes e da “importância da farmacoteraipia, colocando em cheque outras modalidades terapêuticas.” (Veja também o site do autor: www.psiquiatriainfantil.com.br)
http://livrariadopsicologo.com.br/descricao.asp?cod_livro=AS2212
Psicofarmacoterapia na Infância e Adolescência; Assumpção e Kuczynsky, Atheneu, 2008
Assunção mostra em seu livro Psicofármacoterapia na Infância e Adolescência as “grandes disparidades entre o uso e não uso de anfetaminas desde 1950, mesmo tendo sua eficácia amplamente apurada, justificada talvez, pelas diferentes metodologias diagnósticas de TDAH, excesiva medicalização e, talvez, propaganda excessiva sobre detrerminados aspectos medicamentosos”.- Ed. Atheneu, 2008.
Benefícios a curto prazo:
Benefícios a Longo prazo
A maioria dos fármacos utilizados em crianças não foi objeto de ensaios clínicos rigorosos e seu uso baseia-se na experiência com adultos (Remshimidt, 1994):
Escolha do medicamento
O referencial teórico da Psiquiatria Infantil no Brasil foi alterado com a figura de Krynsky, profundamente influenciado pela Psiquiatria francesa, embasada em referências psicodinâmicas e psicanalíticas.
http://livrariadopsicologo.com.br/descricao.asp?cod_livro=AS0434
Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Assumpção & Kuczynski; Atheneu, 2003
Nos anos 50, houve a descoberta dos efeitos sedativos da clorpromazina. Mesmo assim, continua-se a utilizar insulinoterapia e eletroconvulsoterapia (Lippi, 1972), além da leucotomia pré-frontal em menores (Krynsky (1949) para redução de quadros de agressividade, irritabilidade e “tendências perversas”.
Com a chegada da Antipsiquiatria no Brasil (Basaglia, 1994), foi fundada a primeira comunidade terapêutica , a instituição Leo Kanner,
A chegada maciça da psicanálise ao Brasil, (Ilda Moreno, Maurício Knobell), fez com que a psiquiatria da Infância e adolescência perdesse, a cada dia, sua identidade médica.
O uso de psicofármacos naquela época era relatado pelo uso do haloperidolol, procloropenazina, tioproperazina, trifluoperazina, clorpromoazina e outros em psicoses agudas.
O autismo passa a ser tratado com flufenazina; os antidepressivos tricíclicos são utilisados nas “psicoses processuais – pelo predomínio dos modelos psicodinâmicos e psicanalíticos, apesar de haver vário leque de psicofármacos, eles são utilizados com extremada parcimônia.
Nos anos 70, com a influência da psiquiatria norte-americana e a chegada de um modelo de pensamento empírico-pragmático, novos modelos classificatórios e novos antidepressivos e neurolépticos atípicos.
Estratégias para escolha de Psicofármacos em Crianças e Adolescentes:
Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Melvin Lewis. 3a ediçao
Explicar e orientar sobre o mito de que, por ser criança, o paciente deve utilizar quantidades menores de meedicamentos:
Classe do Medicamento |
Dose |
Anticonvulsivantes |
Nível Sérico |
Carbamazepina |
5 a 12mg/L |
Clonazepam |
0,5 a 4mg/dia |
Ácido Valpróico |
50 a 100mg/L |
Outro |
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Carbonato de Lítio |
0,4 a 1,0 mEq/L |
Antidepresivos Tricíclicos |
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Imipramina |
3 a 5mg/kg ao dia |
Clomipramina |
3 a 5 mg/kg ao dia |
Inibidores Seletivos da Recaptura de Serotonina |
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Fluoxetina |
10 a 60mg/dia |
Fluvoxamina |
50 a 300mg/dia |
Paroxetina |
10 a 60mg/dia |
Citalopram |
10 a 60mg/dia |
Sertralina |
25 a 200mg/dia |
Inibidores seletivos da recaptura de serotonina e noradrenalina |
|
Venlafaxina |
37,5 a 150mg/dia |
Mirtazapina |
15 a 45 mg/dia |
Fonte dos dados da tabela: www.rxlist.com
Bibliografia
1) Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Kukzinsky e Assunpção, 2004.
2) ASSUNÇÃO E KUCZYNSKI -Psicofarmacoterapia na Infância e Adolescência, ATHENEU, 2008
3) LEWIS, Tratado de Psiquiatria da Infância e adolescência
4) BIRMAHER – Crianças e adolescentes com transtorno bipolar; guia referendado e acessível para pais, artmed2009
5) LEE-FU-I – Transtorno Bipolar na infância e Adolescência, 2007.
6) STUBBE, DOROTHY, Psiquiatria da Infância e Adolescência, Artmed 2008, Porto Alegre.