Transtorno do Humor Bipolar em Crianças e Adolescentes
Fonte: WWW.bpkids.org (para profissionais e familiares)
Livro que recomendo: Crianças e Adolescentes com transtorno biplar - guia referendado e acessível para pais; Boris Birmaher - Ed. Artmed, 2009;
* A importância do diagnóstico adequado e da intervenção precoce
* pesquisas de ponta indicam como ajudar seu filho
* técnicas terapêuticas e estratégias de aprendizagem para pais
* Estratégias de prevenção de suicídio
Birmaher, Boris: MD, professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, Pensiilvánia, é um dos maiores pesquisadores dos Estados Unidos no campo do transtorno bipolar em crianças e adolescentes. Atual diretor do Serviço para crianças e Adolescentes bipolares no Western Psychiatric Institute and Clinic.
* Tradução: Daniela Bueno; Consultória e revizão técnica - Cristian Patrick Zeni
Texto baseado em aula do Professor: Dr. Luis Augusto Rohde » Mestre e doutor em clínica médica pela Universidade Federal do Rio GrandedoSul;Professor adjunto do departamento de psiquiatria da Universidade Federal do rio Grande do Sul; Professor colaborador da pós graduação em Psiquiatria da USP; Editor da revista brasileira de psiquiatria e Editor Internacional do Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry;Membro do corpo editorial de outros jornais como o American Journal of Medical Genetics e Journal of Attention Disorders;
Importância do Diagnóstico precoce:
EPIDEMIOLOGIA
MANIA ATÍPICA EM ADULTOS (Mc Elroy, 1992)
DIAGNÓSTICO CID 10 ou DSM IV – episódio maníaco
DSM IV – A grande maioria das crianças e adolescentes pertence ao Espectro Bipolar e não preenche os critérios diagnósticos abaixo (mania atípica, como citado acima)
A) Episódio de alteração do humor (persistentemente elevado, expansível ou irritável) com duração de pelo menos uma semana (Tipo I) – mínimo 4 dias de duração (Tipo II)
B) Durante o período de alteração do Humor, três ou mais dos seguintes sintomas, (quatro, se o humor for apenas irritável) estiverem presentes de forma persistente num nível significativo:
TRANSTORNO BIPOLAR SEM OUTRA ESPECIFICAÇAO (SOE)
DIAGNOSTICO E CARACTERIZAÇÃO CLINICA
NIMH (Instituto Nacional de Saúde Mental), 2003 – Fenótipos Clínicos do TBH Infantil (Leibenluft, 2003)
AVALIAR OS SINTOMAS DE ACORDO COM O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE:
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA DESRREGULAÇÃO GRAVE DO HUMOR: menor histórico familiar, baixa resposta ao lítio, apresentação atípica
a) CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
B ) CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
COMO DIFERENCIAR THB DOS CASOS MAIS GRAVES DE TDAH?
O TDAH é um precursor dos casos de THB em crianças e adolescentes?
CRITÉRIOS COMUNS PARA TDAH E MANIA
APENAS BIPOLAR APRESENTA (diagnóstico diferencial)
Crianças com Tr. Bipolar do Humor apresentam: Fristad, 1992
TDAH – 80% meninos para 20% meninas
TDAH + Tr. Bipolar – 50% meninos: 50% meninas
Gravidade do Bipolar é maior: Tramontina, 2003
NEUROIMAGEM – Ressonânica por Espectroscopia – Mick et all 2003 – no cínculo anterior do córtex frontal há neurometabólitos diferentes para pacientes com TDAH apenas e TDAH + TBH.
ESTUDOS FAMILIARES, Faraone, 1997 – Maior história de TDAH na família de hiperativos e bipolares com hiperatividade do que controles; Porém, maior história familiar de TR. Bipolar apenas em pacientes co-morbidos com TDAH e bipolaridade, mas não nos apenas com TDAH.
IRRITABILIDADE
ETIOLOGIA – desconhecida, poucos estudos
NEUROIMAGEM (Espectroscopia e Ressonância Magnética Funcional) sugerem alterações em estruturas Fronto-Límbicas (que regulam o afeto) no THB juvenil similares àquelas encontradas em adultos com TR. Bipolar do humor, com uma notável excessão que é o volume reduzido da Amígdala em relação a controles normais. Mcaetano, 2005
Prováveis alterações alterações no sistema fronto-estriatal - que regula a cognição
Leibenluft, 2007 – Achados recentes com NEUROIMAGEM FUNCIONAL sugerem que pacientes com thb juvenil têm uma aumentada ativação da amígdala quando nomeando uma função reconhecida na face (há estudos que mostram alteração da percepção de emoções na face de outros no bipolar infanto juvenil). Eles também apresentam uma ativação da amígdala aumentada quando pontuando sua própria emoção. (percebem a própria emoção como hostil)
FATORES AMBIENTAIS- Pavuluri, 2006 – aumento de complicações perinatais
TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO (Revisão Sistemática, Tramontina e Rhode, 2005)
*quase todos os casos são retrospectivos, séries de casos ou estudos abertos
* Quase não existem ensaios clínicos randomizados (ECR) controlados por placebo
* Existe apenas um estudo na literatura avaliando a eficácia no tratamento de manutenção em TBH infanto juvenil
* Escolha do Psicofármaco
1) Nível de Evidência de Eficácia (como não há ECR, ensaios abertos em maior número)
2) Fase da doença
3) Aspectos da Apresentação Clínica (ex. Psicose)
4) Perfil de tolerabilidade e eventos adversos
5) História pessoal e familiar de resposta a medicamentos
6) Preferência da família e do paciente
Jornal Americano de Psiquiatria da infância e Adolescência 2007
Primeira Linha:
Estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos
Muitos pacientes precisam de mais de um fármaco (polifarmácia)
Intervenções psicossociais e psico-educacionais (Ex. Protocolo Rainbow de Terapia Cognitiva)
NIMH – 3 medicações no mínimo (casos mais graves- centro de referência)
SUGESTÕES DE GUIDELINES (Apesar de não haver Ensaios Clínicos )
ESTABILIZADORES DO HUMOR (maior número de evidências)- melhor indicados nos transtornos bipolares dos tipos I ou II
*LÍTIO – função tireodeana, função renal, monitorar nível sérico
*VALPROATO DE SÓDIO
ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS – Tr. Bipolar SOE (atípico), com fenótipo abrangente ou sintomas psicóticos – monitorar Prolactina sérica e perfil metabólico (ganho de peso, altração de colesterol, glicemia jejum)
*Risperidona – FDA reconheceu o uso para crianças a partir de 10 anos com tbh em crise
* Quetiapina
* Olanzapina
DEPRESSÃO BIPOLAR – Estudos Abertos
*Lamotrigina reduz escores de depressão em Mania (CHANG)
*Lítio – idem
COMORBIDADE COM TDAH
*Menor resposta ao litio (estudo aberto)
*Precipitação de mania com estimulantes (alguns estudos)
*Guidelines: Iniciar estabilizador do humor ou antipscótico atípico, para só depois introduzir metil-fenidato se persistirem os sintomas residuais (de desatenção ou impulsividade) de TDAH.
2005 – JAMA – Estabilização com valproato para introdução de Metilfenidato
EVOLUÇÃO Birmaher, 2006
Fatores Associados a pior prognóstico:
início precoce do Tr Bip. ;
Tr. Bipolar não especificado,
longa duração dos sintomas de humor,
baixo nível sócio econômico e
psicose (alucinações e delírios)
DIFERENÇAS DO TR. BIPOLAR TIPO I em Adultos e com início na infância:
*Mais vezes sintomáticas
*Maior Número de episódios mistos
* Maior ciclagem
*Mais mudança nos episódios de humor e de polaridade
Bárbara Geller, 2004, demonstrou que um ambiente com mãe “calorosa” previne a evolução mais grave do quadro. Provou também que a duração do episódio maníaco é maior nas crianças que apresentam sintomas psicóticos prévios.
Hazzel, 2003 - Austrália: 151 pacientes:99 com TDAH apenas; 25 com TDAH + THB;27 sem TDAH ou THB. Reencontrou 64% da amostra e somente 7% dos casos com TBH +TDAH ainda apresntavam critérios para THB; somente 3 casos novos de TR. Bipolar foram identificados no grupo com apenas
TDAH (sem THB).
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CONCLUSÕES
- Vários estudos sobre Tb infanto-juvenil
- Crianças podem apresentar-se de forma atípica (principalmente pré-púberes) – curso crônico, irritabilidade, tempestades afetivas, sintomas mistos e ciclagem rápida, lembrando as apresentações atípicas dos adultos.
- Estudar o que é episódio e a fenomenologia (principalmente da Irritabilidade) do TBH infantil
- Tr. Bipolar do Espectro amplo é parte do Tr. Bipolar?
- TDAH e Tr. Bipolar podem co-existir
- Faltam ensaios clínicos para psicofarmacologia
- A evolução é marcada por longa duração dos sintomas de humor, freqüentes recidivas e prejuízo acentuado na vida da criança