Escala ASRS para Avaliação de TDAH em Adultos
A
Avaliação transcultural da escala para TDAH em adultos, Paulo Mattos e cols. em Revista de Psiquiatria Clínica
fonte: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol33/n4/188.html
Entrevista à revista veja com a Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva
http://veja.abril.com.br/300909/eu-achava-burra-p-019.shtml
TDAH - Ana Beatriz - parte 1http://www.youtube.com/watch?v=MJoyogj5huY
Parte 2 - TDAH
http://www.youtube.com/watch?v=mQMfWz9mX1I
Historicamente, tem se pensado a hiperatividade como doença da infância resultante da dificuldade de controle de impulsos que diminuiria na adolescência. Apenas nas últimas décadas, adultos com TDAH têm sido identificados e tratados com sucesso.
O acompanhamento longitudinal mostrou que 40 a 60% das crianças com TDAH (ADHD em inglês) persistem com sintomas na idade adulta. Estudos genéticos, estudos de neuroimagem e estudos com avaliações neurocognitivas e farmacológica têm
mostrado adultos com os mesmos sintomas de crianças com tdah.
O interesse da população e o acesso à informação na última década levou à larga aceitação da necessidade de diagnóstico e tratamento em adultos com déficit de atenção.
EPIDEMIOLOGIA
Entre adultos a prevalência de TDAH é de aproximadamente 4% da população (a esquizofrenia, por exemplo, acomete apenas 1% da população). Geralmente é diagnosticada por auto-relato do paciente, com informações escolares e informações de outros observadores. Assim, é mais difícil de se fazer o diagnóstico em adultos.
ETIOLOGIA
Doença de transmissão hereditária, demonstrado por estudo em gêmeos e famílias com o transtorno. Estudos de neuroimagem demonstram alteração na PET (Tomografia por emissão de pósitrons) – alteração no metabolismo da glicose no córtex pré-frontal, que tem ação inibitória.
Estudos com Tomografia por emissão de fóton único (SPECT) têm mostrado um aumento na densidade do transportador de dopamina no corpo estriado, que sugere a eficácia do metilfenidato (ritalina) capaz de bloquear a ação do transportador de dopamina.
Fatores associados com o surgimento precoce de hiperatividade incluem prematuridade, uso de tabaco durante a gravidez . Fatores protetores não são conhecidos até hoje.
DIAGNÓSTICO E ACHADOS CLINICOS
Os principais sintomas são desatenção e impulsividade. Paul Wender iniciou o acompanhamento de critérios para adultos na universidadee de Utah em 1970.
1) História de TDAH na infância (confirmados por entrevista com os pais e por relato do próprio paciente)
2) Déficit de Atenção e Impulsividade e pelo menos 3 outros dos sintomas abaixo:
a. Baixa capacidade de concentração (dificuldade de organizar e completar tarefas, incapacidade de se concentrar, aumento da distratibilidade e decisões tomadas por impulso sem pensar nas consquências).
b. Hipercinesia (agitação psicomotora)
c. Labilidade emocional
d. Irritabilidade e temperamento forte
e. Baixa tolerância à frustração
f. Desorganização
g. Impulsividade
3) Critérios de exclusão: diagnóstico feito na ausência de depressão grave, psicose ou transtorno de personalidade grave
Além de história pregressa de TDAH, há prejuízo funcional na idade adulta, além dos sintomas acima citados.
Muitos pacientes com este problema apresentam uma depressão secundária associada com baixa estima relatada ao seu prejuízo funcional, uma vez que a hiperatividade afeta tanto a vida social quanto a ocupacional.
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
Problema de longa duração e não um surto ou episódio, como num surto maníaco do transtorno bipolar – o diagnóstico de transtorno bipolar tipo II (onde há apenas hipomania) ou mesmo ciclotimia é importante de ser realizado, além de bastante controverso.
Relatos breves de episódios curtos de mania ou hipomania com ou sem períodos de depressão são mais sugestivos de transtorno bipolar do humor do que TDAH.
Pode haver as duas patologias juntas (co-morbidades) entre Tdah e transtorno bipolar.
Adultos com história de problemas escolares crônicos relacionados a dificuldade em prestar atenção, agitação psicomotora e comportamento impulsivo são geralmente diagnosticados como hiperativos, mesmo que um episódio de humor ocorra mais tardiamente na vida.
Transtornos de Ansiedade podem coexistir com TDAH e são mais fáceis de distinguir da hipomania.
CURSO E PROGNÓSTICO
A prevalência de TDAH reduz com a idade, embora pelo menos metade das crianças e adolescentes com TDAH tenham o transtorno na idade adulta. Altas taxas de dificuldades de aprendizagem, transtornos de ansiedade, trasntornos de humor e abuso de substâncias, em relação à população normal.
TRATAMENTO
Similar ao de crianças, com metilfenidato ou outros estimulantes (ver TDAH na infância) – Estimulantes reduzem a impulsividade e melhoram o humor. O tratamento medicamentoso pode ser necessário para o resto da vida. Os psiquiatras devem usar padrões para avaliar a resposta à medicação e a aceitação do paciente.
CID 10 – Classificação Internacional de Doenças 10ª Edição
1) DESATENÇÃO – Pelo menos 6 dos critérios abaixo por 6 meses levando a mal-adaptação funcional
a. Falha freqüente em prestar atenção a detalhes levando a erros no trabalho ou escola
b. Falha freqüente em sustentar a atenção em testes ou atividades
c. Frequentemente parecem não escutar o que os outros dizem
d. Frequentemente falham em seguir instruções para terminar trabalhos escolares, trabalhos em grupo ou regras nos locais do trabalho pelo comportamento desafiador ou falha em entender as instruções
e. Frequente prejuízo na organização de tarefas e atividades
f. Perda freqüente de objetos importantes para a realização de tarefas (lápis, livros, brinquedos)
g. Distraem-se facilmente com estímulos externos
h. Esquecimento de compromissos do dia a dia
2) HIPERCINESIA – Pelo menos um dos 3 sintomas por 6 meses em um grau que cause prejuízo
a. Movimento de mãos e pés incessantes ou não ficar quieto na cadeira
b. Levantar-se da carteira escolar em situações inadequadas
c. Correr excessivamente ou escalar excessivamente em situações inapropriadas
d. Geralmente muito barulhentos nas brincadeiras ou com dificuldade de ficar quieto em atividades que demandam atenção
e. Padrão de atividade psicomotora excessiva que não é modificado pelo contexto social ou demanda
3) IMPULSIVIDADE – um dos sintomas abaixo por 6 meses
a. Responde às perguntas antes delas serem terminadas pelo professor
b. Não conseguem permanecer em filas ou aguardar sua vez em atividades em grupo
c. Frequentemente interrompem a fala ou atividade de outros
d. Frequentemente falam excessivamente sem resposta adequada às regras sociais
4) Início, geralmente antes dos 7 anos de idade
5) Persistência dos sintomas em pelo menos dois locais (desatenção e/ou hiperatividade presentes em casa e na escola ou ambos na escola e outro lugar onde a criança é observada
6) Os sintomas listados de 1 a 3 causam prejuízo social, acadêmico ou ocupacional clinicamente significativo
7) O transtorno não preenche critérios para transtornos invasivos do desenvolvimento (como autismo), episódio maníaco do transtorno bipolar, episódio depressivo ou transtorno de ansiedade.
Bibliografia: Kaplan & Sadock 2007 – 10a Editition
O texto abaixo tem como fonte a
aula ministrada no Programa de Educação Continuada da Associação Brasileira de Psiquiatria (PEC-ABP) no site http://www.pec-abp.org.br/
Professor: Dr. Paulo Mattos Professor Associado da UFRJ
Mestre e Doutor
Pós-Doutor
Membro do Comitê Editorial do Jornal Brasileiro de Psiquiatria, da Revista de Psiquiatria Clínica e do Journal of Attention Disorders.
INTRODUÇÃO
Apenas em 1980 a forma adulta do Transtorno do Déficit de Ateção Hiperatividade (TDAH) foi reconhecida como doença pela DSM-III, pela Associação Americana de Psiquiatria, como um “tipo residual”, persistindo no capítulo de transtornos da infância.
Antigamente chamado de hiperatividad, percebeu-se que este sintoma s e reduz bastante (agitação psicomotora, hipercinesia ou hiperatividade) na idade adulta, por isso a dificuldade diagnóstica. Geralmente o diagnóstico em adultos é feito por um psiquiatra.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
· 90 a 100 % da população apresentam sintomas de TDAH
· 30 a 50% preenchem critérios clínicos para a síndrome TDAH
· 5 a 15% da população apresenta Comprometimento ou Impacto na vida social
· Diagnóstico dimensional
· Pior funcionamento na vida diária
· 60 a 70% das crianças com TDAH persistem com a doença na vida adulta
· Hiperatividade (hipercinesia) reduz-se bastante na vida adulta
· A Doença não piora com a idade (a desatenção persiste, mas aumentam as demandas da vida e aumentam as comorbidades)
PERSISTÊNCIA NO ADULTO (Kesler et al, 2005)
· Fatores Preditores
o Gravidade do TDAH na infância (abrangência dos sintomas e impacto no funcionamento)
o História de tratamento para TDAH na infância
· Fatores Não Preditores
o Características Sócio-demográficas
o Adversidades na infância
o Comorbidades
ESCALA ASRS- Adult Sintom Report Scale :
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
1. Os sintomas são consistentes com o diagnóstico de TDAH?
2. Os sintomas são explicados por Tr. Ansiedade, Distimia ou Depressão?
3. TDAH se iniciou na infância? (importante colher informações com pais)
4. Comprometimento funcional (Trabalho e em casa)?
5. É muito comum os clientes exagerarem seus relatos de sintomas
6. TDAH em remissão parcial?
7. O Diagnóstico é clínico – não existem exames complementares.
EXAMES UTILIZADOS EM PESQUISA (NÃO SÃO DIAGNÓSTICOS)
1) Eletroencefalograma – se houver convulsão/epilpsia
2) Potenciais Evocados
3) PAC (Processamento Auditivo Central)
4) Ressonância Magnética ou SPECT
5) Avaliação Neuropsicológica (importante para detectar transtornos de aprendizagem ou déficits cognitivos, que pioram o prognóstico).
SINTOMAS SEMELHANTES
Transtornos Mentais |
Doenças Médicas |
Tr. Humor |
Apnéia do Sono |
Tr. Ansidade |
Medicamentos (benzodiazepínicos, anticonvulsivantes e antidepressivos) |
Tr. Aprndizado |
Epilepsia |
Tr. Invasivos do Desenvolv. |
Déficits Visuais e Auditivos |
Psicose |
|
Reações de ajustamento |
|
Uso de Substâncias Psicoativas (drogas) |
|
A maioria dos clientes que parecem ter TDAH, têm sintomas de início mais tardio, com curso episódico ( e não crônico). 70% dos portadores de TDAH têm comorbidades
Diagnóstico Diferencial |
|
TDAH |
TR. BIPOLAR DO HUMOR |
Início mais precoce |
Início mais tardio |
Curso Crônico |
Episódico (criança fica diferente do Estado Normal) |
Humor varia 4 a 5 vezes ao dia |
Humor varia 2 a 3 vezes por semana (tempestades afetivas) |
Sem desinibição sexual |
Desinibição Sexual |
Efeito importante do Metilfenidato |
Grandiosidade |
História familiar de TDAH |
Efeito de estabilizadores do humor Antipsicóticos |
|
História familiar de Tr. Bipolar |
|
Redução da Necessidade de sono |
|
Oscilação Brusca do Humor |
A) Disfunção da função executiva por controle inibitório deficiente. As funções executivas são responsáveis por
a. Auto-controle (fundamental quando não há mais os pais para cobrarem da criança) – pacientes têm descontrole dos impulsos
b. Maximizar os resultados,
c. Planejamento de atividades tarefas (pacientes têm desorganização)
d. Motivação
e. Iniciativa
f. Inibição de estímulos internos e externos irrelevantes à função (foco)
B) Sinalização deficitária das recompensas tardias
FATORES PROTETORES
USO DE SUBSTÂNCIAS (DROGAS)
· Efeitos colaterais do Metilfenidato: Epigastralgia (queimação no estômago), Insônia, irritablilidade; se houver glaucoma, hipertensão arterial ou arritmia, deve-se avaliar com o especialista o risco/benefício
Estudos Comparativos (Meta- Análise) dos tratamentos |
|||
|
TDAH – total |
Hiperatividade/ Impulsividade |
Desatenção |
Atomoxetina |
0,72 |
0,75 |
0,76 |
Bupropiona |
0,32 |
- |
- |
Anfetaminas |
0,92 |
0,95 |
- |
Metilfenidato |
0,49 |
0,51 |
0,52 |
Pemoline |
- |
0,89 |
0,90 |
Tricíclicos |
0,73 |
- |
- |
METILFENIDATO – bloqueio dopaminérgico – como o uso é via oral, não “dá barato”, ou seja, não há risco de abuso. Ocorre o uso inadequado (estudantes de concursos e competições).
Os tratamentos que se mostram efetivos são o uso de medicamentos e terapia cognitivo-comportamental (Birmaher, 2009).
As medicações atualmente utilizadas para tratar TDAH incluem ESTIMULANTES Aderral (conjunto de anfetaminas ainda não disponível no Brasil), Ritalina (Metilfenidato) e Concerta, assim como NÃO ESTIMULANTES: antidepressivos tricíclicos (imipramina, clomipramina, etc), Bupropiona (Wellbutrin), Atomoxetina (Strattera - ainda não disponível no Brasil), Atensina (clonidina).
ESTIMULANTES PARA TDAH
Os estimulantes foram os mais estudados, sendo muito efetivos e bem tolerados pelos jovens. 80% doas crianças com TDAH respondem aos estimulantes (Kutchen, 1997).
O uso de estimulantes em crianças com transtorno bipolar é controverso - deve-se primeiro estabilizar o humor das crianças, para só depois introduzir o psicoestimulante
A dose e a forma do estimulante depende da resposta clínica da criança ao tratamento e da presença de efeitos colaterais.
Os estimulantes de ação curta duram de 2 a 4 horas, por isso, são utilizados três vezes ao dia (Ritalina). Os de ação prolongada podem durar até 8 horas (estes comprimidos não podem ser mordidos). Ritalina LA e Concerta. Estimulantes mistos podem durar 12 horas e utilizados apenas uma vez ao dia pela manha.
Algumas crianças podem precisar de doses mais baixas ou mais altas.
Estimulantes de Liberação Imediata
Nome da substancia Nome comercial Duraçao (horas) Apresentaçao Dose diária total
Metilfenidato Ritalina 2 a 4 10mg 5 a 60mg
Mistura de Adderal* 4 a 6 5, 7, 15,30mg 5 a 50mg
anfetaminas
Estimulantes de Liberação Lenta
Metilfanidato Ritalina LA 4 a 8h 20mg 20 a 60mg
Dextroanfetamina (adesivo Mety* 6 a 8h ainda não disponível
Patch)
Pemolina Cylert* 8 a 12h 1875,37,5mg 37,5 a 112,5mg
Estimulantes mistos de liberaçao imediata e lenta
Metilfenidato Ritalina-CD 8 a 12 h 10, 20 e 30mg 20 a 60mg
(a cápsula pode ser aberta e adicionada
à comida)
Metilfenidato Ritalina AP (LA) 8 a 12h 20, 30 e 40mg 20 a 60 mg
Metilfenidato Concerta 8 a 12h 18, 27, 36 e 54mg 18 a 72mg
Mistura de anf. Adderall XR* 8 a 12 h caps de 5, 10,15 5 a 50mg
20 e 30mg -pode ser aberta e
adicionada à comida
OBS: * Não disponíveis no Brasil
Precauções ao usar estimulantes em TDAH:
Efeitos colaterais mais comuns
Manejo de Efeitos Colaterais:
Exames Laboratoriais
Atomoxetina (Strattera): Exames Laboratoriais e outras avaliaçoes - o peso a altura e a pressão arterial devem ser monitorados, além de se fazer um Eletrocardiograma antes do uso da medicaçaõ.
CLONIDINA - (Atensina). e Guanfacina (Tenex) medicamento utilizado para tratar hipertensão arterial, extremamente útil no manejo de impulsividade e agrevssividade em crianças com TDAH ou transtornos de comportametno, tique e Tourette.
Apresentação de clonidina: comprimdos de 0,1 0,2 e 0,3 mg -Dosagem de 0,05 a 1,2 mg diárias em 2 a 3 tomadas diárias.
Clonidina Transdérmica (CATAPRES-TTS) - emplastros; 0,1, 0,2 e 0,3mg por dia - comprmidos de 10 e 20mg.
Guanfacina (Tenex) - comprimdos de 1 e 2mg - dose: 1 a 2mg diárias em uma 2 vezes ao dia.
Precauções:
Efeitos Colaterais comuns (Atensina e Guanfacina)
Antidepressivos Tricíclicos
Precauções: