Belo Horizonte / MG - sexta-feira, 29 de março de 2024

Psicose Puerperal

Também chamada de psicose pós parto é um exemplo de transtorno psicótico não especificado que ocorre na mulher que teve um bebê recentemente.

Esta síndrome é geralmente caracterizada por depressão materna, delírios e pensamentos de machucar a si mesmo e ao bebê.

Tanto a ideação suicida quanto a homicida devem ser cautelosamente monitoradas. Embora raras, algumas mães têm cometido tais atos. Os dados mais robustos sugerem uma estreita relação entre psicose pós-parto e transtornos do humor, particularmente transtorno bipolar e depressão maior.

A incidência de psicose puerperal é de 1 a 2 por 1000 nascimentos. De 50 a 60% das mulheres acometidas tiveram seu primeiro filho  e aproximadamente 50% dos casos envolvem partos sem complicação Peri-natal.

50% das mulheres afetadas têm uma história familiar de transtorno do humor.

As evidências estatísticas indicam que um episodio de psicose puerperal é essencialmente um episódio de transtorno do humor, geralmente bipolar, mas  podendo também ser  um transtorno depressivo maior (unipolar). 

Dois terços  das pacientes têm um segundo episódio de transtorno do humor no ano seguinte ao nascimento do bebê.

O processo do parto pode ser melhor visto como um stress não específico que causa o  desenvolvimento de um episodio depressivo maior do humor, talvez devido a alterações hormonais.

Os sintomas de psicose puerperal podem se iniciar em dias após o parto, embora a média de inicio seja em 2 a 3 semanas e quase sempre dentro de 8 semanas após o parto.

Tipicamente, as pacientes começam a se tornar cansadas, com insônia irritadas, podendo apresentar choro fácil e labilidade emocional.

Mais tarde, de modo insidioso, idéias confusas, incoerência do pensamento, estados de irracionalidade  e pensamentos obsessivos sobre a saúde do bebê podem aparecer. O delírio pode envolver a idéia de que o bebê está morto ou doente.

As pacientes podem negar o nascimento  do neném e expressar pensamentos de não serem casadas, de serem virgens, perseguidas, influenciadas ou perversas. Alucinações com conteúdo similar podem envolver vozes, dizendo à paciente para matar ao bebê e a si mesma. Ordens para não se mexer , parar ou caminhar (vozes de comando) são comuns.

O início da psicose com sintomas floridos é geralmente precedido de sinais prodrômicos (antecipatórios ) como insônia, irritabilidade, agitação psicomotora, labilidade emocional e déficits cognitivos moderados (principalmente de memória).

Uma vez desencadeada a psicose, a paciente pode ficar perigosa para si ou para o recém-nascido, dependendo do conteúdo de seu sistema delirante e grau de agitação.

Em um estudo 5% das pacientes cometem suicídio e 4% cometem infanticídio. Um bom prognóstico está relacionado com um bom funcionamento pré-mórbido e suporte familiar.

Gestações subseqüentes estão associadascom risco aumentado de novos episódios, em mais de 50% dos casos.

Como em toda psicose, devem ser descartadas outras causas orgânicas: hipotiroidismo, Cushing, psicose induzida por farmacos (pentazocine-talwin- medicação para dor) ou antidepressivos durante a gravidez. Outras causas são: infecções, toxemia e neoplasia – de psicose orgânica.

A psicose puerperal é uma emergência psiquiátrica. Medicação anti-psicótica e Carbonato de Litio, geralmente combinados com um antidepressivo são as medicações de escolha.

Poucos medicamentos deve ser prescritos a mulheres amamentatndo. Pacientes suicidas podem requerer transferência para uma unidade psiquiátrica para prevenção de suicídio.

As mães geralmente melhoram com o contato com a criança, se assim o desejarem, mas as visitas devem ser supervisionadas de perto, especialmente se a mãe já falou em machucar a criança.

A Psicoterapia é indicada depois do período agudo de psicose e a terapia é geralmente  direcionada para ajudar a paciente a aceitar a maternidade e suas mudanças.

Mudanças de fatores ambientais também são fundamentais como aumento do suporte pelo marido e outros familiares. A maioria dos estudos mostra altas taxas de recorrência da doença.

Fonte: Kaplan & Sadock, Synopsis of Psychiatry – Tenth Edition – 2007