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Epidemiologia do Transtorno Bipolar 2009

Epidemiologia do Transtorno Bipolar

Resenha Baseada em Capitulo do Livro Transtorno Bipolar, teoria e Clinica, Artmed, 2009

As evidências epidemiológicas devem fornecer, idealmente uma medida da gravidade de uma doença na população, a composição de fatores de risco associaso, além das conseqüências de uma doença para a população.

PREVALÊNCIA – proporção da população afetada em um determinado intervalo de tempo.  O primeiro estudo comunitário a utilizar critérios do DSM III (Manual de Diagnóstico e Estatística em Saúde Mental) para gerar dados relativos a taxas e risco para transtornos afetivos foi o Epidemilogic Cathment Area Study (ECA, Weissman ET AL, 1991). 

Utilizando uma entrevista diagnóstica totalmente estruturada e especialmente desenhada para o estudo, a Diagnostic Interview Schedule (DIS), a prevalância durante a vida encontada neste estudo foi de 0,8% para o transtorno bipolar tipo I (com mania) e de 0,5% para o trasntorno bipolar II (com hipomania).

FATORES ASSOCIADOS

·         SEXO:  prevalências similares entre os sexos no transtorno bipolar I (ao contrario da depressão unipolar que é mais comum em mulheres)

·         IDADE:  Vem diminuindo a idade de início do transtorno bipolar a cada geração (as hipóteses mais prováveis são  um fenômeno denominado antecipação, ou seja, a cada geração a virulência da doença vem se acumulado e aumentado).

·         ESTADO CIVIL : história de divórcio, independente do estado civil atual, tem estdo associada ao transtorno bipolar.

·         ESTADO SOCIOECONÔMICO: alguns estudos americanos relacionam desemprego ao TR. Bipolar

·         IDADE DE INÍCIO: o início precoce aumenta o risco de piores prognósticos em geral, e particularmente de ciclagem rápida, ideação suicida e comorbidade com transtornos relacionados a substãncias (drogas) – No ECA citado acima, a idade de nício para o transtorno bipolar tipo I, foi de 18 anos e o transtorno bipolar tipo II 22 anos (Weissman ET AL, 1991).

CO-MORBIDADES

Qualquer Transtorno de ansiedade

52%

Tr. Ansiedade Generalizada (TAG)

25,3%

Agorafobia

6,2%

Fobia Simples

Não detectado

Fobia Social

19,1%

Transtorno de Pânico

26,3%

Transtorno de Stress Pós-Traumático

10,6%

Distimia

7,8%

Uso de Substãncias

38,9%

Dependência de álcool

28,9%

Dependência de drogas

26,4%

*Co morbidades em 12 meses – Mitchell; Slade: Andrews 2004

 

INCAPACIDADE – Apesar de vários estudos tenham sido realizados para avaliar a incapacidade nos transtornos de humor, a maior parte deles se focou na Depressão (Wang, 2007).

 

O transtorno bipolar é tão incapacitante quanto diversas outras doenças crônicas e acarreta ainda maior incapacidade que a depressão unipolar, que será, em 2011, segundo a Organização mundial de saúde, a segunda causa de afastamento do trabalho no mundo. (Pfennig, 2005).

 

         Um achado consistente nos estudos populacionais é uma maior quantidade de dias de trabalho perdidos, em relação à população geral e em relação a outros transtornos mentais e depressão unipolar, inclusive.

 

         A incapacidade é maior nos pacientes com transtorno bipolar tipo I (mais grave) do que naqueles com transtorno bipolar tipo II.

         Pacientes com transtoros do humor tanto perdem mais dia de trabalho quanto produzem menos quando presentes. 

 

Além disso, o transtorno bipolar esteve mais associado a perdas do que a depressão maior, embora o prejuízo agregado tenha sido maior para a depressão unipolar, devdo à maior prevalência.

Os episódios depressivos no transtorno bipolar são mais incapacitantes do que na depresssão unipolar.

USO DE SERVIÇOS: tanto de saúde, quanto de saúde mental muito maior em pacientes com transtorno bipolar, em relação à população normal. Na Holanda chegou a 72,1% durante a vida, sendo maior para pacientes com transtorno bipolar tipo I.

O uso de serviços de saúde mental esteve relacionado a um maior grau de co-morbidade, e de maneira especial com transtornos de ansiedade.

Na Holanda, quase 75% dos pacientes não recebiam tratamento e  diagnóstico adequado. Os pacientes  com transtorno bipolar tipo II foram os que mais receberam tratamento inadequado.

A freqüência de tratamento de manutenção para pacientes sem episódios nos últimos 12 meses tam´bem foi muito baixa, pricipalmente para aqueles casos sublimiares (3,2%), comparados àqueles com transtorno bipolar tipo I (35,3%) ou tipo II (24,5%).

Outro achado preocupante foi a baixíssima proporção de casos em clínica geral (9%), responsáveis pelo tratamento da maioria dos casos, tratados adequadamente. Uma proporção maior foi tratada de maneira adequada por especialistas (45%) nos Estados Unidos.